top of page

Está em suas mãos o material educativo da exposição Palavra Tomada do artista Sérgio Adriano H (1975), contemplado com o Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura Estado de Santa Catarina. Natural de Joinville - Santa Catarina, Sérgio é artista visual de múltiplas linguagens, formado em artes visuais e mestre em filosofia, pesquisador, fotógrafo, performer e integrante do Grupo P.S.

Quando nos perguntamos qual o público mais importante da mostra, dizemos que é o público ligado a educação. O projeto pedagógico se apresenta como um conjunto de ferramentas criado para qualificar a experiência do público, com vistas a real universalização do acesso ao conteúdo das obras expostas. Pensando no público não mais como um espectador, mas como potencial criador.

A educação é o eixo da transformação necessária para que nossa sociedade alcance o desenvolvimento de todo o seu potencial. É com alegria portanto, que trazemos o presente material pedagógico às suas mãos, como contribuição ao trabalho realizado por todos os professores e educadores, que diariamente operam o milagre do ensino.

 

SOBRE A EXPOSIÇÃO

A exposição Palavra Tomada consiste de uma série de objetos e imagens produzidos por Sérgio Adriano H, onde o artista percorre 10 cidades no estado de Santa Catarina e monta exposições itinerantes em locais de acesso público, chamando a todos os transeuntes para uma reflexão sobre questões que envolvem o racismo estrutural, aquela forma de racismo que integra a organização econômica e política da sociedade e participa de nosso cotidiano sem que muitas vezes seja percebido por grande parte das pessoas.

Para Silvio Almeida¹, o racismo estrutural é aquele que é considerado a manifestação normal de uma sociedade, e não um fenômeno patológico ou que expressa algum tipo de anormalidade. O racismo [estrutural] fornece o sentido, a lógica e a tecnologia para a reprodução das formas de desigualdade e violência que moldam a vida social contemporânea. A exposição procura discutir sobre este racismo que é invisível, que muitas vezes, só é sentido pelo atingido, pela pessoa em questão. Invisível para muitos, visível para todos os negros, índios, pardos, entre outros, que não estão dentro do estereótipo de uma sociedade enraizada por questões de beleza, etnia e cor de pele.

Portanto, a exposição Palavra Tomada busca o diálogo com o espectador, a comunidade e os estudantes sobre a igualdade entre os homens, tornando visível o que está invisível.  Atuante em movimentos antirracistas, Sergio Adriano H afirma que “A arte que proponho tem o objetivo ainda maior que resistir. O momento atual é de provocar o pensamento, fomentar perguntas sobre o que achamos que já não existe mais. O quilombo nunca terminou. O quilombo agora é invisível. Só vê quem sente.”

 

EXERCITANDO

Os exercícios que se encontram nestas lâminas foram desenvolvidos a partir de algumas obras que fazem parte da exposição Palavra Tomada. Eles tratam de questões presentes nas obras de arte e estão desenhados de maneira a serem realizados em qualquer lugar (sala de aula, parques, universidades, em casa, entre outros).

Mais do que uma recepção passiva ou puramente estética de uma obra de arte, nossa intenção é provocar questionamentos que auxiliem no desenvolvimento crítico a partir da obra, e estes exercícios pretendem buscar reflexões que se estendem ao contexto e vivência do(a) aluno(a). As relações de diálogo que podem surgir a partir destas reflexões são muito caras ao artista, uma vez que Sérgio Adriano H. acompanha a sua mostra itinerante e se faz presente justamente na intenção de estabelecer uma conversa enquanto artista propositor e os seus espectadores.

O formato dos exercícios propostos também contempla a sua adaptação, por parte de cada professor(a), a fim de desenvolver variantes e/ou novos exercícios. Há uma preocupação que este material possa ser utilizado tanto no ensino presencial quanto a distância, dado o contexto de pandemia que se apresenta para o ano de 2021.

Acreditamos que esta proposta também possa auxiliar o(a) educador(a) na implantação da lei 11. 645²  que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro-brasileira e indígena”.

 

O ARTISTA

Sérgio Adriano H expressa através de imagens eloquentes sua indignação contra as estratégias de poder baseadas na repetição de verdades fabricadas. Assim, através de instalações que carregam ironia, sarcasmo e humor ácido, o artista desvenda o real sentido de expressões populares, ilustrações de livros famosos e até mesmo a definição do termo “negro” que ainda hoje em nossos dicionários de língua portuguesa criam associações que descambam para o racismo.

As pesquisas atuais de Adriano se aprofundam na busca pelo seu lugar no mundo, na cidade, na história e o entendimento do seu corpo, como a fonte das inquietações e certezas que motivam o seu fazer artístico. Seu corpo se transforma em ferramenta e a performance em poderosa linguagem, como bem mostram as fotografias e vídeos nos quais o artista coloca seu corpo em cima do pedestal abandonado num parque da cidade ou dentro da lixeira coletiva ornamental de um condomínio de luxo.

A crítica política e social presente na obra de Adriano é forjada permanentemente na experiência de campo, no contexto da vida real, na provocação alcançada pelas situações, instalações e objetos que cria justamente para incomodar e fazer pensar. Adriano expõe um trabalho que, apesar de lidar com assuntos delicados e pouco digeridos pela sociedade, provoca o desconforto necessário e suficiente para confrontar toda a hipocrisia que continuamos alimentando e naturalizando³.

 

A EXPOSIÇÃO NAS RUAS

            No ano de 2021, o artista Sérgio Adriano H circula por 10 cidades de Santa Catarina com a exposição Palavra Tomada, onde expõe em locais públicos e de livre acesso, não somente os trabalhos que compõe a mostra, mas também está presente enquanto artista para conversar com o público sobre seu processo e trajetória artística, e coloca-se a disposição para pensar junto as pessoas que visitam a mostra sobre as questões que envolvem o racismo estrutural, eixo central de sua produção.

            A mostra conta com diversos trabalhos produzidos entre o período de 2018 e 2020, como a instalação Brasil brasileiro, que consiste de uma arara para roupas onde expõe cerca de doze roupas de bebê, onde estão estampadas frases que pré-condicionam o indivíduo negro ao nascer; uma série com sete trabalhos que contém interferências em livros que destacam a invisibilidade dos negros tanto na História do Brasil como em outras áreas do conhecimento; expõe também o trabalho Negro_a. Preto, um painel contendo transcrições de diversas definições de negro encontradas nos dicionários, apontando a terminologia pejorativa que muitas vezes é utilizada na referência ao termo; e nove fotografias da série Palavras Tomadas, que também dão título a exposição e são resultantes de trabalhos ancorados na performance, onde o artista explora o próprio corpo junto a objetos que representam o silenciamento e violência causados pelo racismo estrutural.

           

PROPOSTA DO USO DO MATERIAL (vide lâminas)

Como proposta para um pensar aprofundado, tomaremos para estudo três imagens deste núcleo expositivo. Cada uma das lâminas virá acompanhada de proposições de exercícios e reflexões a serem realizadas com os(as) alunos(as), além do texto da curadora Rosana Paulino sobre a exposição Palavra Tomada.

Seguem abaixo algumas sugestões de referências complementares de livros e recursos audiovisuais que discutem tanto o assunto da exposição, racismo estrutural, assim como busca ampliar para relações como a tomada de consciência, a questão do racismo no Brasil, a história da abolição da escravatura, a vadiagem e alternativas a esta realidade. A fim de ampliar a discussão e questionamentos que possam vir a surgir em torno do tema durante a aplicação das proposições.

 

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Ed. Polen, 2019. (Feminismos Plurais)

Emicida: Amarelo - É Tudo Pra Ontem. Direção de Fred Ouro Preto. Netflix, 2020. (89 min.)

MOREIRA, Adilson. Racismo recreativo. São Paulo: Ed. Polen, 2019. (Feminismos Plurais)

RAMOS, Célia Maria Antonacci. Casa de artista: Sergio Adriano H. Disponível em:  <https://vimeo.com/477751076>

RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Ed. Pólen, 2019. (Feminismos plurais).

Schwarcz , Lilia Moritz e Gomes, Flávio dos Santos (Orgs.).  Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo : Companhia das Letras, 2018.

SERGIO ADRIANO H. Disponível em: <https://www.choquecultural.com.br/pt/artista/sergio-adriano/>

 

[1] ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Ed. Polen, 2019. (Feminismos Plurais)

[2] Lei de diretrizes e bases da educação. Fonte: http://portal.mec.gov.br

[3] Texto de apresentação do artista Sergio Adriano H na galeria Choque Cultural. Fonte: https://www.choquecultural.com.br/pt/artista/sergio-adriano/

 

 

Caro(a) Educador(a)

Baixe o PDF

Boa Aula!

Carta ao Educador

Projeto Pedagógico

  • Instagram
  • Facebook
bottom of page